24 de abril de 2011

UPA - DESRESPEITO É A PALAVRA DE ORDEM


No Rio, duas pessoas receberam voz de prisão quando reclamavam da demora pelo atendimento em uma UPA (Unidade e Pronto-Atendimento) no bairro de Botafogo.

Os dois irmãos - um senhor e uma senhora - estavam acompanhando a mãe de 91 anos que é cadeirante, sofre de Alzheimer e no momento era acometida de insuficiência respiratória.

Após esperarem por 3 horas o atendimento que não vinha e vendo a mãe sufocada, os dois em um ato de desespero invadiram o ambulatório para submeter forçosamente a idosa aos cuidados do médico plantonista.

Após a confusão generalizada entre discussões, o tenente bombeiro médico responsável por aquela UPA deu voz de prisão ao casal, filhos da pobre senhora, que ficaram trancados juntamente com a mãe até então não atendida, em uma sala a espera da chegada da polícia e de lá, encaminhados para uma Delegacia Policial.

Enquanto dois dos cinco médicos de plantão estavam na DP prestando depoimentos juntamente com os filhos reclamantes, a senhora idosa permanecia na UPA sozinha e diante de um dos maiores descasos do Estado para com a população, e ainda sem atendimento.


Em boas condições para raciocinar:
1-     Quem atiraria pedras nos filhos que tomaram essa atitude em desespero por ver a mãe agonizando dentro de uma unidade de pronto-atendimento de saúde?
2-     Ou quem atiraria pedras no tenente bombeiro que seguia um protocolo e fazia acontecer sem ter a sua disposição um corpo médico satisfatório para as necessidades das pessoas que lá se encontravam, além de ter a obrigação de manter a ordem na UPA local?

Eu pelo menos, não atiraria pedras em nenhum deles, pois ambas as partes agiram como deveriam. Uma parte reclamava seus direitos perante o estatuto do idoso e da obrigação legal do estado em oferecer atendimento à saúde do povo pagador de muitos impostos. A outra parte por sua vez, tentou manter soberanamente o equilíbrio dos anseios das pessoas que lá buscavam socorro.


 UPA Botafogo - onde ocorreu o grave incidente


Pessoalmente já assisti algumas confusões em UPA’s e também ouvi um médico bombeiro falar coisas que eu não deveria ouvir por ser estranho aos quadros de funcionários dos serviços públicos, porém o estresse é presente todos os dias nesses ambientes e acomete qualquer pessoa de boa índole.

Bem, em minha opinião, e creio que na opinião de todos, a culpa é unicamente do Estado, pois não tem em seus quadros um número satisfatório de médicos e pessoal de apoio para preencher as UPA’s como deveria, e se os números são suficientes como pode alegar, alguém está acobertando fuga em massa desse pessoal tanto nos feriados como nos dias úteis, pois sempre se percebe insuficiência médica nesses postos de atendimentos. Eu mesmo já percebi isso por algumas vezes.

Só pra lembrar, o fato narrado aconteceu no dia 22 de abril de 2011, sexta-feira Santa, portanto.

Que bom a Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro tomou conhecimento do que anda ocorrendo nas UPA’s. Vale esperar para ver se agora vai tomar alguma atitude cabível em prol do povo carente e necessitado que não tem dinheiro para pagar os caros planos de saúde...

Caramba! Malandramente o Governador Sérgio Cabral Filho militarizou essas unidades a fim de inibir os muitos exaltados, e como na prática da ditadura, qualquer reclamação que se faça, o sujeito reclamante pode receber ordem de prisão e se sujar, mesmo tendo todo o direito de cobrar obrigações de quem está lá para cumprir.

Sabem aquela velha história de "abafar o caso"? Pois é. Aqui no Estado do Rio os casos são abafados com opressão... 



Nenhum comentário:

Postar um comentário