Estes são os três casos de opressão ocorridos só este ano aqui no Brasil e merecem atenção internacional. Estamos diante de velha forma de coibir, através da violência, a voz do povo ou a voz de quem fala por ele, são casos deflagrados contra o Direito de Liberdade de Expressão ao qual nos assegura a constituição vigente.
Das ocorrências, uma aconteceu em Pernambuco e outras duas no Rio de Janeiro.
1- O primeiro caso do ano, o mais enfatizado, vitimou o advogado e blogueiro Ricardo Gama, em 23 de março, quando ele saía de casa no Bairro Peixoto, Copacabana, Rio de Janeiro (RJ).
Acredita-se - e eu acredito fielmente - que o blogueiro foi atacado por conta do seu blog, onde faz duras críticas ao governo de Sérgio Cabral Filho, a prefeitura de Eduardo Paez, aos milicianos e aos traficantes do Estado do Rio. Felizmente o blogueiro sobreviveu, embora alvejado por quatro tiros, sendo três na cabeça e um no pescoço. Quanto aos criminosos, nenhuma pista...
2- O segundo caso aconteceu em 9 de abril e vitimou Luciano Leitão Pedrosa, jornalista de rádio e televisão que fazia duras críticas às autoridades locais e grupos criminosos. Luciano foi morto com um tiro na cabeça no Município de Vitório de Santo Antão (PE), quando se encontrava em um restaurante. O criminoso chegou e fugiu de moto, onde um comparsa o esperava, e deles ou da moto, nem sombra e nem poeira, nada se sabe...
3- O terceiro e último caso aconteceu no Município de Rio Claro (RJ) e a vítima foi o jornalista Valério Nascimento, dono do jornal “Panorama Geral” e presidente da associação de moradores na região. O jornal de Valério estava em sua quarta edição e fazia críticas - não tão pesadas - aos traficantes da região e à prefeitura de Bananal (SP) por não investir em saúde e saneamento básico. Valério foi covardemente abatido no quintal de sua casa em Lídice, localidade de Rio Claro, com um tiro fatal nas costas por homens ainda não identificados. Embora o crime tenha sido praticado com uma arma de caça – uma espingarda daquelas que usam cartuchos de papelão - não foge a conotação de crime bárbaro e que por disfarce, pode ter sido encomendado por qualquer malfeitor incomodado com o seu trabalho. O fato aconteceu na última terça-feira, 03 de maio, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Para este crime, eu tenho lá minhas dúvidas se algum traficante se presta a utilizar uma arma de caçar capivara e com ela cometer um crime fora do seu estilo padrão. Fica a dúvida sobre o autor, que no mínimo, parece ser capataz de algum sitiante, e quem sabe? Amigo de alguém poderoso...
Em nenhum dos três casos a polícia achou quaisquer suspeitos e isso demonstra - por evidências diante das limitações das polícias - a participação efetiva de influentes poderosos em tentar calar os que se opõem a eles e falam abertamente em nome do povo.
Embora eu tenha a minha opinião pessoal, não estou afirmando aqui que os crimes tenham sido cometidos por alguns eletivos, ou aos seus mandos, mas as indiferenças que tratam esses assuntos envolvem certos confortos em “deixar a coisa rolar” e “ver no que vai dar”. A omissão do Estado é aparente e deixa a desejar no tocante ao se fazer cumprir a lei ou no mínimo, tentar identificar os autores diretos e indiretos.
Outros casos de perseguições aconteceram no Rio, inclusive incidindo sobre o ex-corregedor da PM, Coronel Paulo Ricardo Paúl e o ainda ativo, Major PM Luiz Alexandre, este último tendo sua prisão determinada por 20 dias. Ambos mantem seus blogs e fazem críticas com base nos fatos que embaçam a lisura da moral do Estado. Aí, o estado é quem está aplicando diretamente a prática da ditadura opressiva.
Certamente esses criminosos agem com a certeza da impunidade ou com o aval da omissão, portanto fica difícil não acreditar que políticos influentes estejam interessados em descobrir quem fez ou quem mandou cometer essas atrocidades.
Infelizmente estamos entregues a toda sorte do lado de cá do alambrado, pois somos o povo, do outro lado estão os políticos, amigos e elites, e junto ao alambrado, os capatazes e capangas para conter os que tentam falar, reclamar, xingar...
Tenho observado essa separação faz tempo e só há integração dessas camadas em épocas de eleições, onde os políticos, amigos e elites alcançam o alambrado e se aproximam do povão para pedir votos, e em troca, despejam promessas e só.
Ainda sim, acho o próprio povo culpado, pois se deixa iludir pelas riquezas das campanhas, se embala nas mentiras evidentes, se põe indiferente às coligações enganosas, menospreza as denúncias, etc, etc e etc... no final ele paga a conta e depois vota.
Caramba! Tudo tem um custo e se vê com muita clareza: Quem mete dinheiro nas campanhas serão os favorecidos do amanhã. Ao povo, sobra o dever de pagar os impostos, ficar calado e se tiver sorte, se alegrar quando sobrar algumas migalhinhas em benefício da sociedade.
A omissão do Estado com relação às apurações ou tentativas de descobrir esses assassinos e a opressão que incide sobre os que falam pelo povo, com evidencias, estão levando a nossa democracia ao descrédito internacional. Essa que hoje se mostra uma democracia falha e que mais se parece com uma ditadura civil.
Infelizmente...