Como é dormir oito horas por dia?
Como se sentir bem depois de todo esse tempo acomodado e inerte sobre um colchão?
Como é contar o tempo de vida se durante 1/3 do dia passa-se inconsciente num sono profundo?
Como é estar disposto depois de oito horas ou mais, inativo e com a cara enfiada em um travesseiro?
Essas e outras perguntas giram em minha cabeça e sugerem respostas, mas que nunca conseguem me convencer.
Desde criança me acostumei a dormir pouco, gostava de ver TV e ouvir rádio madrugadas a dentro, desenhava minhas artes, minhas caricaturas, meus carrinhos debruçado a uma prancheta e no decorrer do tempo, ouvia as horas passarem sinalizadas pelas batidas sonoras do famoso relógio do tipo Carrilhão, que ainda tenho em casa.
Ia dormir bem tarde, quase sempre depois das três da manhã e logo cedo as seis horas, estava eu de pé rumo à escola.
Tive uma infância normal, brinquei muito e aprontei bastante, sempre ativo e nunca preguiçoso.
Hoje, aos cinqüenta e um, continuo no mesmo ritmo: durmo pouco, acordo relativamente cedo, trabalho de segunda a segunda, ora em casa ora nos locais de atividades, e com a cabeça sempre ativa ainda penso direitinho – creio eu – com todos aqueles neurônios ainda disponíveis.
Lembro que a cama nunca me fez muita falta e que mesmo agora, depois de “quase velho”, percebo que ainda não me faz, pelo contrário, quando raramente sucumbo ao meu metabolismo e acordo um pouco mais tarde, me levanto mal humorado, com o corpo dolorido e preguiçoso, além de viver um dia muito mais curto e com poucas horas úteis...
Divido meus dias entre trabalhos remunerados, trabalhos prazeirosos e trabalhos obrigatórios. Ocupo-me durante dezenove ou vinte horas por dia e raramente me jogo entre a colcha e o colchão antes das quatro da manhã, levanto-me as sete horas e rapidamente inicio minhas atividades, e de novo, encaro mais um dia igual ao anterior.
Sinto-me bem assim, disposto e sempre ativo, não considero isso um problema de natureza educacional, e sim uma virtude metabólica, onde a minha rotina mostra que para o descanso físico-mental não tem períodos pré-determinados e as regras se curvam diante da individualidade de cada um.
Por isso, pelas minhas experiências, as tais perguntas que giram em minha cabeça sobre o assunto, mesmo tendo respostas, jamais me trarão o devido convencimento.