Fonte: Uma Visão do Mundo
Editor: Eduardo Patriota Gusmão Soares
Ninguém sabe se o compromisso será seguido à risca, mas fato é que os Jonas Brothers, todos ex-alunos do Eastern Christian High School, em North Haledon, New Jersey (EUA), conseguiram fazer de algo considerado fora de moda um tema obrigatório nas conversas de inúmeros jovens como eles – a valorização da virgindade. O grupo faz do uso do chamado anel de pureza – acessório que os adeptos do movimento fazem questão de ostentar – e de declarações favoráveis à castidade suas marcas registradas em shows, entrevistas e aparições públicas. “As alianças servem como lembrete constante para viver uma vida com valores”, diz Nick, o mais novo dos Jonas Brothers. (Fonte: Folha Gospel)
O mundo aponta para uma sociedade onde sexo é quase obrigação. Há insinuações na novela, no rádio, nas piadas, nos filmes, nas músicas, na imprensa, nas leis, na propaganda, na bebida, enfim, estamos cercados por um mundo que torna o sexo um “direito inalienável”. Você tem que praticá-lo para ser legal, para ser normal. Mal podemos assistir um desenho animado que lá estão piadas ou indiretas a respeito do tema. Muitos não concordam com isso.
Cena do filme "O Virgem de 40 Anos"
Existem dados da Organização Mundial de Saúde que mostram que 7% das mulheres e 2,5% dos homens garantem viver perfeitamente sem sexo, não tendo qualquer problema com isso – diz a psiquiatra Carmita Abdo, professora da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora do Projeto de Estudos em Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas. Estes homens e mulheres formam o grupo dos assexuados. Eles sentem atração física, mas não o suficiente para quererem fazer sexo. E, portanto, sentem-se verdadeiros alienígenas num planeta onde tudo e todos os olham como se fossem “doentes”. Mas são pessoas perfeitamente normais e saudáveis. A castidade aqui é uma opção livre de influência cultural ou religiosa.
Já em outro contexto bem diferente, jovens optam pela virgindade até o casamento. Um equívoco, a não ser que você seja um assexuado. E por que seria este um equívoco? Somos seres que buscam a realização de nossas vontades. Algumas são de origens fisiológicas, outras são emocionais, outras uma mistura disso tudo. Sexo seria justamente uma destas misturas. Os jovens que decidem usar o tal “anel da castidade” (ou outro adereço que mostre que são virgens) relatam ao mesmo tempo terem sim muita vontade de fazer sexo – inclusive com suas parceiras, já que muitos namoram.
Se duas pessoas querem fazer sexo, são responsáveis para fazê-lo, tem oportunidade de fazê-lo, sentir-se-ão realizadas em fazê-lo então… por que não fazer? Desta vez, diferente dos assexuados, a resposta é religiosa. Elas acreditam que seu deus julga a castidade antes do casamento como algo puro, nobre, virtuoso. Ledo engano. Isso é invenção de Agostinho e outros pensadores cristãos que julgavam que a visão DELES era a verdade absoluta, a vontade de seu deus. Aos cristãos, não cabe discutir se isso é verdade ou não, bom ou não. Eles devem apenas seguir mais este dogma. Muitos se abstêm do sexo por medo da punição divina (onde está mesmo aquele deus misericordioso?). Entre nos sites religiosos (principalmente evangélicos) que tratam o tema e, mesmo que você não acredite naquilo tudo, você sairá de lá com medo de ter uma noite agradável de sexo com seu cônjuge.
Achar que a abstinência sexual até o casamento irá melhorar o mundo, passa longe da realidade. Simplesmente porque os “depravados” (ou seja, quem faz sexo antes do casamento) continuarão existindo e, para tristeza do deus cristão, continuarão fazendo sexo. E digo mais! Farão sexo apenas por prazer! Eis o maior pecado de todos! Fazer sexo por prazer! O deus cristão deve estar revoltadíssimo com a humanidade. Afinal, ele desenhou um corpo feito para gostar de sexo, mas ele não quer que ninguém o faça! Uma espécie de “brincadeira de mau gosto” de um pai malvado. Eu jamais daria um brinquedo a uma criança para depois puni-la por brincar com o mesmo.
Mas os ingênuos e ignorantes não percebem isso. No afã de querer agradar um deus ou a comunidade “casta” de suas igrejas, mantêm-se virgens. Virgindade esta que não possui valor, não torna ninguém melhor ou pior. Sinto informar aos virgens, mas eles são exatamente como os não virgens, exceto pelo fato de ainda não terem experimentado o sexo. Eles ficam irritados, brigam, elogiam, xingam, ficam doentes, sentem vontades, sentem prazeres, sentem dores, enfim. Virgens são humanos como os demais. Apenas se acham diferentes (ou mesmo superiores). Assim que uma menina perder a virgindade, para sua frustração, ela perceberá que continua exatamente a mesma pessoa que era antes. Não descerá nenhum anjo do céu para coroá-la por sua “espera”.
A verdade, aliás, pode ser bem pior. Um casal que se mantém virgem até o casamento, pode se decepcionar um com o outro na cama. E daí podem vir divórcios, traição (afinal, o casamento tem que ser para sempre) ou um casamento infeliz. Duvida mesmo? Deixo-lhes então, para terminar, com o que o “reverendo” Caio Fábio, que estuda o aumento do divórcio entre evangélicos, têm a dizer:
Por que o divórcio entre evangélicos, incluindo pastores e grandes líderes, cresce? Para Caio Fábio, não é possível ser simplista e achar que a razão é uma só. “No entanto, eu diria que na maioria das vezes os evangélicos casam muito mal, pressionados pela ‘necessidade sexual’ ainda jovens e fazem escolhas limitadas a igreja que freqüentam. Assim, pressionados pelo ‘abrasamento’, se casam. Depois de maduros descobrem que se precipitaram”, explica. Para o pastor, os casos de divórcio nas igrejas não é uma novidade atual. “Muitos viviam e seguem vivendo de aparência”, afirma.
Existe “algo errado” nos casamentos evangélicos de hoje? Para Caio Fábio, existe sim, e não é de hoje. Ele explica: “Existe um simplismo enorme: A idéia de que Deus banca os casamentos! Ora, casamento é coisa de um homem e uma mulher e os dois é que têm de se encontrar. Também falta intimidade, amizade. A maioria dos casais não se conhece verdadeiramente, acabam vivendo de fachada e esperam que sua conduta moral e eclesiástica seja a âncora de seus casamentos… e não é!”, analisa.
Como exemplo, temos a carioca “J. F. S.”, do bairro de Madureira, na zona norte do Rio, pressionada por ser filha de pastor, casou-se com 17 anos e sentiu na pele o peso de ter que fingir que o casamento “vai bem”. O marido, de acordo com ela, tinha algumas dúvidas e medos por casar muito jovem. Após o casamento, o jovem tímido passou a ser um grande pastor. Seu ministério se desenvolvia e, junto com a evolução, as traições também acompanhavam o crescimento. Mesmo sabendo de tudo, ela foi obrigada a tolerar e “fingir” que nada acontecia. “Foi muito difícil. Separar-me, àquela altura, seria um escândalo na denominação. Mas, continuar casada seria ‘passar atestado’ de burra.”
A voz da experiência diz: casar virgem é burrice, estupidez. Quem ainda tiver um resquício de bom senso que ouça.
Por: Eduardo Patriota Gusmão Soares
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