Por Maggie FoxReuters/Brasil Online
WASHINGTON (Reuters)
O mesmo gene que induz os roedores à fidelidade conjugal pode afetar também os casamentos humanos, disseram pesquisadores da Suécia e dos Estados Unidos na terça-feira.Homens que têm uma variação comum de um gene envolvido na sinalização cerebral são mais propensos a se sentirem infelizes no casamento do que os homens com a outra versão, segundo uma equipe do Instituto Karolinska, de Estocolmo.Embora não haja certeza sobre o que as mudanças genéticas fazem no comportamento do homem, outras pesquisas sugerem uma relação com a capacidade de comunicar e ter empatia, segundo o artigo publicado na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências dos EUA."Jamais examinamos a infidelidade no nosso estudo. O que focamos é a intensidade do vínculo dos homens com suas parceiras", disse Hasse Walum, do Karolinska, coordenador do estudo, por telefone.Os cientistas estavam intrigados com pesquisas anteriores indicando que uma diferença genética parecia explicar o fato de uma espécie do roedor arganaz formar casais monogâmicos e fiéis, enquanto outra era promíscua. "Talvez este mesmo gene afetasse os humanos", disse Walum.Eles então consultaram um estudo com 552 pares de gêmeos e suas esposas, que detalhava os relacionamentos familiares e a saúde mental de suecos de classe média nascidos entre 1944 e 1971.Em seguida, submeteram os homens do estudo a exames de sangue específico para o gene AVPR1A, justamente o que diferencia os roedores monógamos dos promíscuos.Esse gene afeta um composto cerebral chamado neuropeptídeo arginina vasopressina, que influencia a retenção de água e, portanto, a pressão arterial.Estudos em humanos mostram que certas variações do AVPR1A estão ligadas à agressão, à idade da primeira relação sexual e ao altruísmo.A equipe de Walum concluiu que homens com essa variação genética (chamada alelo 334) demonstravam menos ligação afetiva com as parceiras e tinham inclusive menos propensão a se casar.Homens com duas cópias do alelo 334 tinham o dobro de probabilidade de terem tido uma crise conjugal, e suas esposas em geral se queixavam mais do casamento."Quinze por cento dos homens sem o alelo 334 relataram uma crise conjugal, enquanto 34 por cento dos homens com duas cópias desse alelo relataram crise conjugal", escreveram.Mais de 30 por cento dos homens com pelo menos uma cópia do 334 não eram casados, o que só ocorria com 17 por cento dos homens sem o alelo.Walum admitiu não ter "a menor idéia" de como esse gene realmente afeta o comportamento, e salientou a necessidade de estudos mais amplos para comprovar tal associação. Ele disse que também gostaria de examinar mais homens não-casados.
(Reportagem de Maggie Fox)
Nenhum comentário:
Postar um comentário