O senador da República Pedro Simon (PMDB-RS), discursou no Senado Federal, no dia 19 de abril, revelando uma conversa que teve com o finado deputado Ulisses Guimarães, após a morte de Tancredo Neves e dez horas antes da posse do primeiro presidente pós-ditadura militar, em 1985.
Lembro que Tancredo Neves seria o presidente e assim conservado historicamente como tal.
Na ocasião, a dúvida pairava entre quem assumiria a presidência diante da morte de Tancredo e os dois nomes mais cotados eram de um lado o próprio deputado Dr. Ulisses Guimarães (partido MDB-MG e presidente da Câmara dos Deputados), e do outro, o vice-presidente eleito, mas não empossado pelo ocorrido, José Sarney (presidente do partido ARENA e depois PDS, ambos partidos de sustentação da ditadura).
Já que, para a vice-presidência da transição democrática, os militares exigiram que esse posto fosse ocupado pelo Sarney, de forma submissa, os outros políticos envolvidos aceitaram essa imposição para se fazer – sem guerras – a tão esperada redemocratização do país.
Dessa forma, haveria uma continuidade do autoritarismo militar por trás dos bastidores, pois todo o legado estava condicionado a isso através da indicação autoritária do General Leônidas Pires Gonçalves para a ocupação dos Ministérios mais evidentes.
Pelo que o senador Pedro Simon explica, Se houvesse resistência do Dr. Ulisses Guimarães na ocasião, quem assumiria no lugar do ora imposto Sarney, seria – evidentemente – o próprio general Leônidas, acompanhado de toda a sua severa autoridade anti-populista.
"- Quem comandava esse esquema era o general Leônidas. E ele com a Constituição na mão, diz que quem deve assumir é o Sarney. Se eu digo que não, sou eu, o que poderia terminar acontecendo é o Leônidas assumir, o que poderia terminar acontecendo era imprevisível... Eu achei que a grande saída ali era o homem que tinha todo o esquema na mão, que era o general Leônidas, ele disse que era o Sarney, que assumisse o Sarney" – Segundo Pedro Simon, essas foram as palavras ditas por Ulisses Guimarães ao perceber que seria pior lutar contra aquela autoritária imposição.
Brasileiros e brasileiras, esse foi o mal necessário, infelizmente...
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